A paragem seguinte foi na cidade de Montemor o Novo.
Este é um dos maiores concelhos em termos de área do nosso país, sendo um local repleto de história, alguma dela marcante para a definição do nosso país como hoje o conhecemos. onde o seu castelo na encosta serve de cartão de visita para quem passa.
Num pequeno desvio de pouco mais de 2 km, encontrámos um edifício histórico do qual os locais muito se orgulham e que não podíamos, de todo, ignorar. A Anta Capela de Nossa Senhora do Livramento (ou Anta-Capela de São Brissos) encontra-se perto do Km 534 e resulta da junção de uma anta de uns milhares de anos antes de Cristo com outro mais recente acoplado, tornando-o um local místico.
Entretanto observámos o humilde interior deste templo, onde diversas fotos junto do pequeno altar nos remetiam para as muitas promessas e agradecimentos da graça divina, possivelmente em épocas de maior aflição.
Seguiu-se a localidade do Ciborro, que vive num ritmo calmo e onde os tocadores de acordeão são abundantes, numa tradição que se mantém para perpetuar a história desta localidade, que orgulhosamente detém o marco do Km 500, com uma placa a identificar o local.
Parámos para reforçar a cafeína num café que ali se encontrava onde dois homens estavam sentados umas mesas ao lado da nossa e pudemos ainda ouvi-los comentar sobre quem viam passar e parar junto do marco do Km500 ali mesmo à nossa frente. Definitivamente, a mítica Estrada Nacional 2 (N2) não deixa ninguém indiferente e também aqui deixa a sua marca, em quem parte e em quem vê partir.
Passando Mora chegámos finalmente a Brotas já no Km 488, uma pequena aldeia que é literalmente atravessada pela N2 e é também ela repleta de lendas, locais maravilhosos e pessoas fantásticas que não esqueceremos. Cruzámo-nos com algumas pessoas que orgulhosamente nos iam explicando e chamando à atenção para os detalhes e os anos de construção de cada casa ali existente, algumas delas a datarem do século XV.
Seguimos para o restaurante “O Poço” e entre umas migas divinais e vinho da casa, estivemos ali em amena conversa onde se partilharam histórias e aventuras de gente que por ali foi passando também a percorrer a N2, num espírito inexplicável, quase dando a sensação que éramos três amigos de longa data a pôr a conversa em dia.
Junto ao Km 435, encontramos a cidade de Ponte de Sôr onde fizemos uma curta paragem. Esta cidade com uma grande ligação à extração de cortiça, deve o seu nome a uma ponte romana que aqui existiu e que foi reconstruida durante o século XVI, quase inexistente actualmente.
Chegados a Mora (Km 474), fizemos um ligeiro desvio à rota da N2 que muito aconselhamos. Conhecemos alguns lugares esquecidos da região que merecem uma paragem de contemplação.
Actualmente convertida na Capela de São Dinis, a Anta de Pavia é um monumento megalítico localizado no centro da pequena vila de Pavia, em Mora. Merece um pequeno desvio ao trajecto da N2, para contemplar uma das antas mais importantes do país, originalmente erguida entre o século IV e o III milénio a.C.
Seguiu-se a cidade de Abrantes, que se encontra após o Km 396 da N2.
As montanhas e as estradas curvilíneas em altitude ficaram para trás, e entramos na parte do roteiro onde a tranquilidade da paisagem nos oferece o que há de melhor na região, a calmaria. Sucedem-se as pequenas aldeias caiadas de branco que dão vida à região pelas cores variadas com que alternam os contornos das portas e janelas.
Com ruas coloridas e repletas de histórias conseguimos ver a sua zona antiga junto ao castelo, que se ali se ergue imponente.
Para os mais gulosos, aqui encontrámos a “Palha de Abrantes”, um pequeno bolo redondo, coberto com fios de ovos.
Encontramos também neste concelho um dos principais recursos hídricos de Portugal, a Barragem de Castelo de Bode. As cores azuis fortes do seu lago eram um espelho da cor do céu, e as sombras da sua margem convidaram-nos a uma paragem.
Já íamos no Km 384 e não resistimos a fazer uma paragem na simpática vila do Sardoal, que se encontra entre as paisagens da Beira Baixa e as lezírias do Ribatejo, sendo uma terra de tradições e com um vasto património, especialmente religioso.
Fizemos uma paragem por ali, mais propriamente no “Potes Bar”, onde foi impossível resistir a uma boa tosta e a um bom refrigerante e água.
Realmente, as tostas eram óptimas e enormes! Certamente temos de cá voltar para podermos voltar apreciar estas maravilhas!
Continuámos caminho seguindo em direção ao marco geodésico que fica perto de Vila de Rei no Km 364 e que, do alto dos seus 592 metros, marca o centro geodésico de Portugal. Dissemos, por brincadeira, que estávamos no centro do mundo.
Com uma paisagem maioritariamente montanhosa, Vila de Rei é rodeada por ribeiras e pelo próprio Rio Zêzere. É no topo da Serra da Melriça que fica o centro geodésico de Portugal.
Seguimos a nossa na rota da N2 e fomos até a aldeia de Pedrogão Pequeno. Esta a única Aldeia do Xisto atravessada por esta estrada nacional e aqui começamos a notar já a diferenças das construções, todas em tons de branco com ombreiras e rodapés a destacarem-se pelas suas cores.
Seguimos viagem e, desta vez, rumo à Sertã. Com uma história vasta, onde se inclui um domínio da Ordem dos Templários, Sertã é uma localidade acolhedora atravessada por duas ribeiras: a da Sertã (ou Ribeira Grande) e a do Amioso (ou Ribeira Pequena), tornando-a intimamente ligada a este elemento.
Íamos já no Km 248 e seguiu-se Vila Nova de Poiares, também ela abençoada pela beleza da natureza, esta é uma vila conhecida pelas suas romarias e festas, bem como pela sua maravilhosa gastronomia. Aqui encontrámos o Central Bar, quase totalmente dedicado à N2 e que nos recebeu de braços abertos. Aproveitámos para fizer uma pausa para restabelecer energias e beber alguma coisa fresca.
Depois a Vila de Góis no Km 272 foi a paragem seguinte. Atravessada pelo Rio Ceira e ladeada pelas imponentes Serras da Lousã e do Açor é um sítio imperdível para qualquer amante de natureza, tendo nos seus arredores as aldeias de xisto Aigra Nova, Aigra Velha, Comareira e Pena que valem a visita.
Voltando à N2, seguiu-se um dos troços mais confusos que tivemos. Esta é uma etapa pouco sinalizada e poderá tornar-se confuso caso não estejamos atentos para essa situação.
Entre a construção da barragem da Agueira e os troços da IP3, a histórica N2 sofreu aqui diversas alterações, algo que nos obrigou a ter atenção redobrada para nos mantermos na estrada correta. Neste caminho atravessámos a Barragem da Aguieira e deixamo-nos envolver pelo Mondego que nos acompanhou em diversos momentos da estrada.
Encontrámos a famosa Livraria do Mondego, uma formação rochosa com uma orientação vertical na margem do Mondego que se assemelha a prateleiras de uma estante de livros, último ponto antes de chegarmos a Penacova.
A vila de Penacova recebeu-nos então, repleta de encantos naturais dada a sua localização privilegiada à beira deste rio e envolvida pelas Serras do Buçaco e do Roxo.