Seguiu-se a passagem pela cidade de Tondela no Km 199, que envolta pela Serra do Caramulo, mantém-se ligada às suas tradições e com uma actividade agrícola ainda significativa, muito ligada à área vitivinícola, dado encontrar-se também na Região Demarcada do Vinho do Dão.
Passámos depois por Santa Comba Dão, já no Km 211, encostada ao Rio Dão e que tem um centro histórico que vale a pena visitar, com traçados medievais e com praças e largos cuidados e tranquilos.
Um pouco depois de Santa Comba Dão fizemos um pequeno desvio de 3 km até à localidade do Granjal. Aqui encontrámos uma nascente termal com um pequeno tanque de águas de cheiro sulfuroso. Efectivamente o cheiro característico estava presente e a cor da água não nos deixou indiferentes.
A vista das Portas de Montemuro com mais de 1200 metros de altitude não nos desiludiu. Se há coisa que esta viagem nos habituou foi a este tipo de vistas, onde todo o mundo nos parece caber na palma da mão. No topo, uma pequena fonte de água potável foi paragem obrigatória.
No regresso à N2 e, já no km 134, chegamos à pacata vila de Castro Daire, uma vila que se mantém fiel às suas origens e intimamente ligada à natureza, dada a sua ligação com a Serra de Montemuro e com o Rio Paiva.
Aqui cruzámo-nos com algumas pessoas que nos disseram a frase que mais ouvíamos por estes dias: “Façam boa viagem!”. Cada vez mais temos a certeza que esta viagem começa e acaba na estrada, mas foram as pessoas com quem nos fomos cruzando que deram cor ao que os nossos olhos iam observando.
Foi também aqui que parámos para provar o “Bolo Podre” típico desta região.
Continuando na N2 e, pouco antes de chegarmos a Viseu fizemos mais um desvio para conhecer o chamado Baloiço da Pedreira. Na aldeia de Cela (ainda pertencente a Castro Daire), este baloiço foi colocado numa pedreira desactivada e está virado para um lago de cores azuis fortes, certamente influenciado dos componentes calcários das pedras ainda ali existentes. Um espaço agradável e com detalhes especiais.
Fizemo-nos novamente à estrada e percorremos mais uns Km da N2. Após avistarmos a placa do km 170, chegávamos por fim à cidade de Viseu. Percorremos o centro histórico da cidade, onde a Sé se destaca e provámos um belo Viriato na Confeitaria Amaral o que nos redobrou energias para o dia.
Regressámos ao troço da N2, e esperáva-nos a cidade de Lamego (Km 102). Foi impossível ficarmos indiferentes quando chegámos ao centro da cidade, onde edifícios como a Sé e a Câmara Municipal mantêm traços únicos, conferindo a toda esta praça uma aura muito especial. Mas o auge estava mesmo na monumental escadaria de 686 degraus do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, arriscando-nos a dizer que é esta a imagem de marca da cidade.
Uma das grandes características da N2, é o facto de nos levar sempre ao melhor do património português. E a chegada a Lamego foi um exemplo perfeito disso.
Aqui não resistimos a parar para provar a famosa “bôla” de Lamego, numa casa sugerida por locais, que estava óptima e nos encheu as medidas.
Um pouco sem nos apercebermos, já tínhamos completado os primeiros 100km de estrada.
A paragem seguinte foi na cidade de Peso da Régua. (Km 88). Numa localização privilegiada, esta cidade intimamente ligada à produção de vinhos do Douro tem paisagens únicas sobre o Rio Douro e sobre as vinhas que preenchem a paisagem ao seu redor. Aqui o Rio Douro que segue o seu curso até desaguar na Foz e nós seguimos para sul, rumo ao Algarve.
Ladeado pelo Douro e com vistas maravilhosas sobre as vinhas, onde da outra margem se destaca um imponente painel de um homem de capa e chapéu de uma conhecida marca de vinho do Porto, esta localidade tem uma localização privilegiada. Depois de vaguearmos pelas suas ruas fomos comprar os famosos Rebuçados da Régua.
Voltamos a fazer mais um desvio da N2. Tinham-nos falado de um miradouro sobre o Douro, de seu nome Leonardo de Galafura. Galafura é uma pequena localidade perto do Peso da Régua e, se o caminho até lá já foi maravilhoso com a quantidade de vales com vinhas ao nosso redor, a vista do alto dos seus 566 metros de altura foi inexplicável.
Voltamos à N2 e começaram a mudar as paisagens, demos de caras com as encostas do Douro Vinhateiro, que são extraordinárias. Óbvio que as paragens nos miradouros se foram sucedendo, para tentarmos captar cada detalhe do que tínhamos à nossa frente.
Seguiu-se Santa Marta de Penaguião no Km 78, aqui já no alto douro vinhateiro, entramos numa paisagem única que é Património Mundial da UNESCO. Deixamo-nos envolver pelo seu acolhedor centro, atravessado pela N2.
Nota: Antes de chegar a Santa Marta de Penaguião, parar na área de estacionamento existente junto ao Km 75 (antes da placa de Côvelo), para apreciar a vista única sobre as vinhas.
Outra paragem obrigatória foi na cidade de Vila Real (Km 61), mas não sem antes fazermos diversas paragens (com as devidas precauções) para registarmos em fotografia, as maravilhas que os nossos olhos iam captando pelo caminho.
Esta capital de distrito tem um centro histórico encantador, e é envolvida pelas Serras do Marão e do Alvão e onde confluem os rios Corgo e Cabril.
Junto à Sé acabámos por encontrar abrigo num dos locais mais conhecidos da cidade (Pastelaria Gomes) e foi aqui que provámos as famosas “Cristas de Galo”, doce local que nos fizeram ganhar novo folgo para enfrentar os próximos quilómetros.
Seguiram-se a Sé e o edifício dos Passos do Concelho de Vila Real, mas não saímos da cidade sem antes passar pela Casa Fundação Mateus, nos deslumbrou com os seus jardins e lagos extremamente cuidados, que rodeavam uma casa senhorial impressionante.
Fizemo-nos uma vez mais ao caminho e a paragem seguinte foi em Vila Pouca de Aguiar no Km 35.
Foi aqui que fizemos o primeiro desvio da N2, que valeu cada metro percorrido, até à Lagoa do Alvão. A pouco mais de 8km de Vila Pouca de Aguiar, este autêntico oásis recebeu-nos com um lago maravilhoso.
Aqui encontrámos um Parque de Lazer, uma área natural repleta de áreas de diversão e de descanso, com passadiços ao redor da lagoa, para podermos apreciar este belo espelho de água.
Fizemo-nos de novo à N2 e ao Km 30 tínhamos as Pedras Salgadas e, aqui, acabou por não nos faltar a prova das águas locais, bem como o passeio pelos seus jardins inigualáveis.
É aqui que nasce a famosa Água das Pedras! Deixámos os momentos de relaxamento para outra oportunidade, afinal, a rota ainda mal tinha começado e impunha-se a adrenalina de a percorrer até ao mais ínfimo quilómetro.
Percorremos os primeiros quilómetros e, por esta altura, acabámos por nos enamorar pelos marcos ao longo do caminho. Penso que nunca tínhamos reparado tanto neles, e fosse por já termos lido tanto sobre a N2 ou simplesmente por estarmos mais atentos, estes iam desfilando ao nosso lado, juntamente com as paisagens maravilhosas que apanhámos.
Vidago (Km 15) foi a paragem seguinte, onde aproveitámos para almoçar no restaurante O Bataclan, um restaurante pequeno, mas acolhedor.
Aqui em Vidago, entre os séculos XIX e XX, tivemos a mais importante estância termal de Portugal, tendo nesse período inclusive sido chamada a Vichy portuguesa, numa clara comparação com a famosa estância termal francesa.
Cada viagem começa no primeiro passo que temos a ousadia de dar. E foi essa sede de aventuras que nos fez escolher a Estrada Nacional 2 (N2) para partir em viagem.
Nunca foi tão fácil acordar a uma segunda, bem cedo, mesmo sem o despertador tocar. Motivados pela ansiedade de partir, arrumámos tudo e saímos de Bragança em direcção a Chaves, mas não sem antes fazermos uma pausa técnica no supermercado. Se há coisa que fomos percebendo ao longo das várias viagens que já fizemos, foi que, sempre que possível, os almoços deveriam ser “por nossa conta”, porque nunca se sabe quando podemos encontrar um “restaurante” imperdível para comermos as nossas sandes, com uma vista que nenhum valor pode pagar.
Chegados ao Km 0, encontrámos a cidade de Chaves. Cidade com fortes raízes termais que vêm já da época romana, ou não fosse antigamente conhecida como Aquae Flaviae, é sem dúvida uma cidade acolhedora e que adorámos conhecer.
Entre os pastéis maravilhosos e as suas gentes simpáticas, houve uma sensação de boas-vindas e de bem receber, para nos preparar para o que estava para começar.
Entre o nosso passeio por vários pontos de Chaves não falhámos a visita a um ponto imperdível na cidade para quem vai fazer a N2: o “Templo da N2”.
Já fora do “Templo” avistamos a rotunda com o marco do Km0, olhámos um para o outro e percebemos que estávamos a sentir o mesmo. Ali começava a nossa aventura .... uma aventura que ficaria para a história... A nossa história!
Parámos para uma foto da praxe junto ao marco do Km0 e não deixámos de achar curioso um grupo de motociclistas que por ali passava, dirigir-se a nós com palavras de incentivo.