Por ultimo e para nos despedirmos de mais uns dias de férias fomos conhecer mais algumas aldeias da zona de Bragança que ainda não conhecíamos, coo era o caso de Grijo, Parada, Coelhoso, Carocedo, etc.
Partimos do Santuário de S. Bartolomeu de Argozelo em direcção a Coelhoso.
Depois de passarmos por varias aldeias, em Carocedo subimos um monte e deparámo-nos com uma vista fantástica.
Daqui seguimos para a cidade de Bragança onde fomos conhecer o Santuário de S. Bartolomeu de Bragança, cujas festas decorrem entre 20 e 24 de Agosto.
Chegados aqui conseguimos ver toda a cidade de Bragança.
Enquanto estivemos na aldeia aproveitámos para ir visitar um amigo e artesão, o Isidro Rodrigues de Aveleda, fazedor de máscaras de caretos em latão, lata, zinco ou cobre, mantendo-as como eram feitas antigamente.
Aveleda é uma aldeia próxima de Bragança com cerca de 200 habitantes e o seu nome provem do latim Ave Leda (lugar bonito), e pertence ao Parque Natural de Montesinho.
Alem de artesão Isidro é também o detentor de uma grande colecção de máscaras usadas no ritual das Festas dos Rapazes da aldeia de Aveleda.
E como começou esta paixão pelas máscaras? No final da década de noventa já não havia nenhum artesão na aldeia para que fazer as máscaras para os caretos usarem na festa dos rapazes da aldeia, decidiu ele próprio tomar a iniciativa de começar a fazê-las. Tinha com ele uma mascara antiga que já tinha sido usada nos anos 60 e deitou mãos a obra.
E de forma artesanal começou a moldar as novas mascaras dando-lhes uma nova roupagem com novas texturas mas sempre deixando nelas a marca da sua criatividade.
Não podíamos vir embora sem trazer umas mascaras feita por este maravilhoso artesão que nos recebeu muito bem e que além de me mostrar toda a sua colecção contou-nos um pouco da história destas mascaras e tradições.
Ainda na aldeia fomos convidados a comer uma das iguarias transmontanas que muito apreciamos, o famoso Butelo com Cascas.
E vocês perguntam o que é o Butelo, nada mais é que um enchido feito com o bucho (estômago) do porco e recheado de ossos e cartilagem das vértebras e costelas e alguma carne, o que lhe confere um sabor típico, uma vez que as carnes junto aos ossos são muito saborosas. E as cascas (também designadas “casulas”) são um feijão que se colhe ainda na vagem quando o grão está bem formado, mas ainda não seco. A vagem parte-se em bocados e põe-se a secar ao sol, durante vários dias.
No ultimo domingo de Maio aproveitámos que estávamos de férias na aldeia e fomos à Romaria da Sra da Ribeira. Neste dia as aldeias vizinhas, tanto portuguesas como espanholas têm por habito levar as santas padroeiras até ao Santuário da Sra da Ribeira.
Conta a lenda que perto de Quintanilha, Nossa Senhora apareceu a uma pastorinha muda que, depois da aparição, ficou a falar. A pedido da santa a jovem correu a relatar o milagre à população.
O acontecimento motivou a construção de uma pequena Ermida que passou a ser muito frequentada.
Quando D. Isabel de Aragão vinha a caminho de Trancoso para o casamento com o Rei D.Dinis, passou por aquele lugar a fim de descansar, ficou tão maravilhada com a recepção que lhe tinha sido prestada pela enorme multidão que se encontrava no local, que prometeu solicitar ao seu marido que a modesta capelinha fosse reconstruida e ampliada, no local junto à ribeira.
Havia já muitos anos que por falta de gente jovem a santa padroeira da nossa aldeia (Nossa Senhora da Assunção de Outeiro), não era levada a esta romaria, mas este ano graças a boa vontade de algumas pessoas da aldeia, decidimos que a nossa santa também iria a festa.
Eu já não ia a esta romaria à alguns anos e o J. nunca tinha ido.
Enfeitámos o andor, mérito da nossa amiga C. (digam lá que não ficou lindo), e vestimos a santa com um dos seus mais bonitos vestidos.
Juntámo-nos todos no largo da aldeia, ultimámos os preparativos e fomos em direcção ao Santuário.
À nossa espera estava já a Sra da Ribeira, e com a chegada das varias Santas das diferentes aldeias deu-se inicio a procissão de boas-vindas.
Esta é uma festa que dura o dia todo, por isso fomos prevenidos com comida e bebidas, cada um levou uma coisa e depois juntámos tudo. Assim estivemos em convivo durante a tarde.
Já no final do dia, voltámos a igreja para prepararmos a procissão do adeus, onde a Sra da Ribeira se despediu de todos as santas e espera reencontra-las novamente no ano seguinte.
