Sendo eu e o Jorge descendentes de transmontanos existem tradições que continuarei a manter cá em casa e por isso na Páscoa tem de existir o folar.
Em várias regiões do país fazem o folar doce , mas o que eu faço é o de carne. Aprendi a fazê-lo desde sempre com a minha mãe, mulher transmontana da zona de Bragança.
Passei a manhã na cozinha a fazer o nosso folar.
É muito simples de fazer, deixo aqui a receita, para que possam experimentar.
Ingredientes:
80 g de fermento de padeiro
1 copo de leite morno
200 g de manteiga derretida
1 fio de azeite (caseiro)
12 ovos inteiros
1 colher de café de sal fino
1 kg de farinha de trigo
diversas carnes: presunto, chouriço e outros enchidos a seu gosto
Preparação:
Numa tigela média, desfaçam o fermento e acrescentem um pouco de leite morno. Misturem o fermento no leite. Numa tigela grande coloquem metade da farinha e misturem a manteiga derretida e o fio de azeite e batam. Juntem os ovos previamente batidos e o resto do copo de leite. Em seguida, incorporem a restante farinha batendo sempre até a massa ficar elástica.
Ponham a massa a levedar na tigela tapada com um cobertor em sítio quente. Para esta fase contem com mais ou menos 1 hora. Quando tiver crescido, deitem a massa sobre a bancada da cozinha e amassem à mão como se estivesse a lavar roupa.
Voltem a colocar na tigela, espalhem um pouco a massa no fundo e cubram com as carnes cortadas em pedaços. Enrolem a massa e coloquem numa forma redonda ou um tabuleiro untados com manteiga ou azeite.
Levem ao forno a 170ºC. por mais ou menos 1 hora. Metam um palito comprido no centro até ao fundo para verificar se já está cozido.
Vocês acreditam que passei a minha vida toda a dizer que não gostava de fígado, sem nunca o ter sequer provado.
Os meus pais andavam fartos de insistir que fazia bem e que tinha pelo menos que provar para poder dizer que não gostava.
Mas na minha cabeça aquilo era assim meio esponjoso e não tinha bom aspecto, por isso não devia saber bem. Não aquilo definitivamente não era para mim.
Um dia, como o Jorge gostava tanto e os meus pais faziam várias vezes, decidi dar uma oportunidade às belas das iscas. Tirei só um bocadinho, assim meio a medo, para provar e de repente esse bocadinho deu origem a uma isca inteira. E não é que afinal as iscas até são boas e eu até gosto.
Depois de ter provado a primeira vez dei por mim a pensar, mas porque raio toda a minha vida disse que não gostava, apesar de nunca ter provado?!
E vocês o que sempre disseram que não gostavam e agora adoram?
Hoje vamos aproveitar para falar de uma viagem que fizemos meio sem pensar, mas que gostámos muito e que queremos repetir assim que for possível pois temos a certeza que muito ficou por ver. Fomos a Ponte de Lima.
Atravessámos a “Ponte Velha” que marca a paisagem de Ponte de Lima como nenhum outro. Ao chegarmos à margem direita do rio, reparámos na Igreja de Santo António da Torre Velha, e muito perto na Capela do Anjo da Guarda.
Depois da visita fomos almoçar ao Restaurante Alameda o famoso Arroz de Sarrabulho, prato típico de Ponte de Lima. Tem um sabor forte que no inicio se estranha mas depois entranha.
Quando saímos do Bom Jesus do Monte e fomos em direcção a Braga.
Fomos logo visitar seu centro histórico. Vocês sabiam que Braga foi uma cidade romana e que tem mais de 2000 anos?
Começámos pela Avenida Central onde fica a Arcada, um edifício com vários arcos que originalmente abrigava os mercadores que aí vendiam os seus produtos.
Fomos descendo e vendo como eram as típicas casas bracarenses nos séc. XVII e XVIII. A Casa dos Crivos é a única habitação que resta desses tempos, em que as fachadas eram revestidas com estruturas de madeira, ocultando as janelas e permitindo ver para fora sem ser visto.
Passámos pela Sé de Braga que é a primeira catedral de Portugal, tão antiga que deu origem à expressão: “Mais velha do que a Sé de Braga”.
Passámos pelo Arco da Porta Nova, este foi o arco da última porta a ser aberta nas muralhas medievais que em tempos rodeavam Braga. Há quem diga que é por nunca ter tido porta que surgiu a expressão: " És de Braga?!” quando alguém deixa uma porta aberta.
Descemos até ao Largo Carlos Amarante onde podemos admirar a Igreja de Santa Cruz. Há três galos na fachada barroca da igreja. Reza a lenda que as raparigas solteiras que os identificarem têm casamento assegurado.
Passámos ao lado da imponente Igreja do Hospital de São Marcos e continuámos a descer para vermos a fachada azul do Palácio do Raio.
Chegámos à Avenida da Liberdade, onde se situa uma das salas de espectáculos mais bonitas de Portugal, o Theatro Circo.
Já quase a saída da cidade visitámos ainda a Capela da Nossa Senhora da Torre que foi construída como forma de agradecimento a Nossa Senhora por ter protegido Braga durante o grande sismo de 1755.